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Margem Sul – Ponta dos Corvos e Atlântica.


Hoje vou escrever sobre uma das “minhas últimas descobertas” a Ponta dos Corvos e a Fábrica de Seca de Bacalhau da Atlântica.

 

A Ponta dos Corvos situa-se no fundo de uma “linha de areia” pantanosa, tipo península, na zona de Corroios, “escondida” por trás da Base Naval do Alfeite. 

 

Chega-se a este local depois de passar por prédios de arquitectura com gosto duvidoso e, no final, por uma estrada de terra mal sinalizada, vetada ao abandono e com muito lixo na berma.

É um cenário que não augurava nada de bom, mas a minha ligeira teimosia e persistência faz-me seguir rumo. Num ápice, sem me ter apercebido, cheguei à ponta da “pequena península” - ladeado por pântanos e por uma praia de areia branca, rodeado de aves e sem uma única pessoa por perto, senti-me imerso na natureza, “longe do Mundo” - estava na Ponta dos Corvos.

Pedalei mais um pouco e cheguei ao final da estrada.  Parei a bicicleta, à minha frente, na margem oposta, a poucos metros, mas inacessível, está a bonita e bem cuidada marginal do Seixal. Do lado direito, está uma praia de areia branca com vista para toda a baía do tejo, da qual é possível avistar o Seixal, o Barreiro, a Ponte Vasco da Gama e toda a zona frontal da cidade de Lisboa.

Após uma pausa na praia para descansar um pouco, para me situar, para observar e sentir todo o que me envolvia, chegou a altura de explorar melhor esta zona.

A poucos metros de distância havia a ruína de um velho edifício, situado à beira rio, de frente para o Seixal, onde ainda era visível uma rampa de acesso à água. Tinha à sua volta várias linhas de água que formam inúmeras ilhas.

Segurei a bicicleta com a mão e a pé desloquei-me ao local. Era a ruína de um antigo armazém vetado ao abandono, numa localização invejável, sem tecto, sem janelas e com paredes partidas.

Passo a passo, a empurrar a bicicleta, atravessei o seu interior, a única coisa visível são restos do edifício e graffitis com ilustrações de aves nas poucas paredes que restam.

À minha frente, a cerca de 100 metros, no meio de pântanos formados pela maré vazia e com um pequeno trilho de acesso muito deteriorado, estava agora mais uma ruína, a de um magnífico Moinho de Maré, o qual posterior vim a descobrir se Moinho de Marés da Torre. É apenas 1 dos 40 existentes a na Margem Sul de Lisboa.

No caminho a lama do sapal abundava, num dos canais, enterrado no lodo bem visível da baixa-mar, está um barco de ferro ferrugento afundado, com a curiosa forma de um pequeno submarino, que contrasta com tudo o resto.

A acessibilidade ao interior moinho da maré é através de uma ponte improvisada, feita com a utilização de dois barrotes que aparentam pouca solidez. Não arrisquei fazer a travessia, fiquei apenas observar no exterior.

Embora não seja caso único em Portugal e pese o facto de eu gostar de ver ruínas, pensava como é possível deixar degradar tanto um edifício do sec. XV.

Para além do Moinho da Torre, neste dia, separados por pequenas distâncias, encontrei ainda mais 3 unidades idênticas - o Moinho do Capitão, o do Galvão e o da Passagem, todas em ruínas.

Um desses moinhos, por ventura o mais recente, o Moinho da Maré do Capitão, está no interior das instalações, da antiga Fábrica de Seca de Bacalhau da Atlântica.


Esta foi mais uma surpreendente descoberta, trata-se da ruína das instalações daquela que terá sido uma enorme empresa de seca de bacalhau, a qual segundo consta chegou a dar trabalho a cerca e 600 pessoas.

Por aqui fiquei algumas horas a explorar e tentar interpretar este espaço.  Foi-me possível detectar o que resta da zona de armazenagem, da lavagem e da seca do bacalhau. Também é perfeitamente identificável a área dos serviços administrativos, dos banhos dos funcionários, do antigo cais e do moinho de marés.

No meio de um charco, perto do moinho, sobressaia uma enigmática torre. Por mais que tentasse não consegui perceber a funcionalidade, mas provavelmente foi utilizada para abrigo de algumas aves.

Para completar este passeio, porque ouvi dizer que em Corroios havia um Moinho de Água que tinha sido recuperado, acelerei a pedalada e fui visitá-lo. Em boa hora o fiz, pois fechou passado 10 minutos de ter chegado.

Trata-se do Moinho de Marés de Corroios, edificado em 1403, cujo o primeiro proprietário foi, imagine-se, Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável.

 

 

 


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